Artes Cênicas
Senac - Campinas, SP
Till Eulenspiegel - Apresentação
Registro fotográfico das apresentações do espetáculo Till Eulenspiegel, apresentado pela turma noturna de técnico em teatro da instituição de ensino Senac Campinas. Datado de outubro de 2022. O espetáculo foi apresentado ao longo de três dias, o que permitiu um ensaio apurado de fotografias e registros da arte do movimento.
Breve texto direcionado à captação da experiência:
“Chamada para primeiro ato revolucion...” Prólogo
Deus é um cara gozador, adora brincadeira! Pois pra me botar no mundo tinha um mundo inteiro... E assim inicia-se o prólogo. O prólogo da peça teatral ou talvez da vida. O que começou para quem pudesse imitar? Já parou pra pensar que, para nascer, toda preparação vinda de fora de dentro da comunidade que te segue e te cria te apedreja e cospe como fogo é a mesma que te mata de sangria até saber-se o mais esperto sem consciência? O velório taí pra provar isso. Festejo cortejo e águas vazando de qualquer canto que se possa sair, a comemoração pras carnes perdidas que ficaram no lugar daquela alma que foi pr'outro canto cantar que sua pele foi retirada sua roupa rasgada seu sapato descalçado sua mente retirada aos poucos por quem fez justiça. A função.
Justiça JUSTIÇA!
Enforca quem a ti lhe fez engano aqui e corta quem quem "cego" se tornou por olhar um lado só. Quem pobre se tornou por enganar. Quem mulher se tornou por parir um bicho um resto um desdesejo. Deus, se te faz tão hilariante brincalhão e se esconde quando se arrega, Diabo te mostra presença. O silêncio não vai me encobrir. Nem eu nem elu nem exu nem o mundo. Eu serei a guerra e a fome que quiseste tanto que não nascesse e perdurou por dias em ventre maltratado. Eu serei a consciência perdida naquela aposta pouco sabida para quem já não faz mais falta nem nunca existiu. Eu serei a mãe jamais nascida e o filho perseguido espancado palhaço de angústia. Eu serei o corpo que dança em movimento de música no sentimento humano sendo feito presente pulsante gritante vermelho tal qual sangue herege que escapa pra fora do caminho dado. Diabo, me dê a salvação! Me escuta a vida que sempre quis a morte para lhe tocar os lábios e não marcar sua pele repelida de pobreza nas entranhas já tão entradas de fome infindável. Eu serei o beijo solitário de quem sente toca segura a mão dedo a dedo que entra e pede mais, geme, de dor de sonhar demais por sonhar tão pouco, de sentir o brilho do seu sabor e o sol a quem encosta todo dia e pertence a todos sabe de todos se esconde de todos e mata, se enfia no último olhar atento pedindo perdão e mata. Em cena lhe dou três minutos para encerrar. Pede-me o que quiser, vai custar. Já custou e abusou. Mas pede. Vê. Foi dali que partiu. É daqui que seguro sua mão para outra direção. E a vida imita. Till, eu serei. I will. Apaguem tudo. Fim de cena.